sábado, 25 de julho de 2009

GP Hungria - Grandes Momentos - 1986

Esse GP é disputado desde 1986, quando a Hungria tornou-se o primeiro país socialista a receber um evento do circo capitalista. Na época esse era um feito e tanto, lembrando que o fim da União Soviética e o desmantelamento da "cortina de ferro" só viriam ocorrer em 1989.

Por ser um circuito novo, a disputa ficou nivelada, já que nenhum piloto conhecia o circuito e tampouco as equipes tinham informações armazenadas sobre o setup ou as regulagens/ajustes ideais para os carros.

A pole valia muito, uma vez que o traçado travado e de muitas curvas limitava muito as ultrapassagens. Pensando nisso, Ayrton Senna extraiu o máximo da potência do seu Lotus JPS equipado com o motor Renault V6 Turbo, que chegava a atingir 1000cv na versão de classificação. Vale lembrar que naquela época as equipes usavam motores e pneus especiais para a classificação, com o tanque de combustível praticamente vazio.

Completando as primeiras filas do grid, estavam os outros três contendores ao título, com a Williams-Honda de Nelson Piquet, seguido por Alain Prost com sua Mclaren-TAG (motor desenvolvido pela Porsche), e Nigel Mansell na outra Williams-Honda.

Na largada, Senna pulou na ponta, com Mansell saltando para segundo lugar, Piquet em terceiro, Patrick Tambay com a Lola Ford em quarto, e Prost em quinto lugar.

Logo na quarta volta, Piquet e Prost ultrapassam Mansell, enquanto Senna mantém a liderança.

Mas o brasileiro da Williams está determinado e assume a ponta na décima segunda volta, ultrapassando seu compatriota da Lotus, que começa a ser pressionado por Prost.

Piquet pára nos boxes na volta 36, voltando rápido para ir à caça de Senna, que disparou na frente, já que Prost abandonou a prova e Mansell não conseguia acompanhar a Lotus.

Faltando 35 voltas para o final, Senna entra nos boxes para trocar seus pneus, mas consegue voltar 11 segundos à frente de Piquet, uma vez que acelerou muito para garantir uma vantagem segura.

Mas Piquet foi buscar a diferença enquanto Ayrton perdeu rendimento, e dez voltas depois encostou na caixa de câmbio da Lotus negra, pegou o vácuo na grande reta. Senna estava do lado esquerdo, emborrachado e portando de melhor aderência, então Piquet colocou o carro na direita e acelerou, com Senna voltando para o meio da pista, as rodas quase se tocando.

Na aproximação da curva, Piquet foi por dentro, deixou para freiar mais tarde, mas sua Williams escorregou, enquanto Senna "fez o xiz" por dentro da curva e retomou a ponta.

Uma volta depois novamente Piquet se aproxima na mesma grande reta, Senna se posiciona por dentro para bloquear a Williams, mas dessa vez Piquet vai por fora. Quando estão quase lado a lado, Senna se move para o meio e Piquet coloca as rodas na margem da pista e não alivia o pé, ficando na posição de fazer a curva por fora.

O que acontece a seguir é um puro exercício de domínio da máquina, com Piquet por fora da curva, travando as rodas e controlando a Williams como se fôsse um kart, e tomando a liderança.

Ambos cruzaram a linha de chegada cerca de vinte voltas depois, separados por 18 segundos. Os outros? Todos eles passaram com uma ou mais voltas de desvantagem, incluindo Mansell que chegou em terceiro, mas mantendo a liderança do campeonato.

Depois da prova Piquet reclamou das manobras de Senna para defender a posição, mas depois afirmou que "resolveu mostra para ele quem era o melhor". Era o início de uma forte rivalidade que iria transcender a pista e posteriormente chegar à vida pessoal. Mas essa é outra história...

Nenhum comentário:

Postar um comentário